Vista interior da Casa
Na próxima segunda-feira, 14 de maio, às 14h, a Casa de Cultura de Riograndina, conhecido ponto cultural daquela comunidade, será reaberta com grande festa, retornando as atividades de suas oficinas, que atendiam a 300 crianças e jovens do distrito. A programação do evento terá a participação do tradicional Bloco Estação do Rio Grande e dos alunos da oficina de percussão. O prefeito de Nova Friburgo, Sérgio Xavier, participará da reabertura, que considera ser um ato de resgate da cultura daquela comunidade, “uma representação legítima dos anseios dos moradores de Riograndina”.
De acordo com o secretário municipal de Cultura, David Massena, o governo municipal irá fortalecer as atividades daquele ponto cultural, com vistas à criação de um centro de referência em artesanato, para fortalecer, também, a economia familiar dos moradores.
A história do casarão, que abriga a Casa de Cultura de Riograndina, remonta ao tempo do império – 1873, ano de sua construção. O seu funcionamento teve início em março de 2008, quando se tornou centro de referência à cultura no distrito, além de abrigar a Associação de Moradores e Amigos de Riograndina. Ronaldo Pinto Henriques, presidente da associação, conta, inclusive, que a criação da associação surgiu sob o teto do casarão, em 2000. “O Bloco Estação do Rio Grande, ou Bloco do Boi, como é conhecido, se reunia na sala onde hoje funciona a oficina de percussão. No ano seguinte, em 2001, resolveu-se formar a associação. Eu entrei em 2009. Estávamos a pleno vapor, funcionando com mais de 300 alunos, mas a tragédia de 2011 acabou com o nosso ‘barato’ e levamos um ano para restaurar e limpar tudo, com imensa ajuda da comunidade na retirada da lama”, disse.
- Casa da Cultura de Riograndina totalmente restaurada
Agora, a partir do dia 14 de maio, a casa volta a funcionar depois de um período de obras que compreendeu os meses de agosto a dezembro de 2011. “A ideia da reabertura é comemorar o aniversário da cidade e fechar todo esse processo com a associação agradecendo a ajuda do Banco do Brasil, patrocinador da reforma. Com a reabertura, iremos resgatar a história do casarão. Pretendemos inaugurar, em suas paredes, um espaço contando essa história; o período de sua construção, em 1873, e a história da Estrada de Ferro de Cantagalo, com fotos da Imperatriz Tereza Cristina que, acompanhada por seu fotógrafo, produziram o álbum ‘Lembranças de Nova Friburgo’, hoje, em posse da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. Nesse álbum, estão as fotos da casa sendo construída. Pinçamos isso e vamos trazer para cá’, conta Luiz Fernando Folly, coordenador de Patrimônio Material e Imaterial da Secretaria Municipal de Cultura.
Ronaldo Pinto Henriques lembrou que no desastre de 2011 a casa foi muito comprometida. Luiz Fernando reforça que o nível do rio subiu cerca de seis metros, atingindo o prédio. “Atualmente, esse prédio, para o município, tem uma importância muito grande. É a única e última casa da estrada de ferro de Cantagalo que, ainda, possui todas as suas edificações, como o prédio da administração da estação, a ponte de ferro e a casa do administrador. Um patrimônio que é tombado pelo Estado do Rio de Janeiro. Conseguimos que a restauração da Casa de Cultura fosse um dos sete projetos aprovados e beneficiados pelo Banco do Brasil, graças à Associação de Moradores e à Secretaria Municipal de Cultura. O INEPAC (Instituto Estadual de Patrimônio Cultural) acompanhou toda a reforma. É um valor histórico muito grande para a cidade”, afirmou Luiz Fernando.
A restauração foi custeada pelo Banco do Brasil
“Por isso, a programação no dia 14 será com a participação da comunidade. Teremos apresentação do Bloco, das crianças das aulas de percussão, além de exposição dos artesanatos que são feitos aqui. Acho que a participação da comunidade é importante. A história só existe quando a comunidade participa. A Casa agrega. A comunidade nos tem como referência. O ponto de cultura atende a 300 alunos, inscritos nos cursos de violão, teatro, artesanato, dança, percussão”, afirma Lilian Barreto, gerente do Departamento de Patrimônio da Secretaria de Cultura da Prefeitura de Nova Friburgo.
Defensores do patrimônio cultural do município
Lilian Barreto e Fernando Folly ao lado de Ronaldo Henriques.
Lilian Barreto, gerente do Departamento de Patrimônio da Secretaria de Cultura da Prefeitura de Nova Friburgo, e Luiz Fernando Folly, coordenador de Patrimônio Material e Imaterial desse departamento, trabalharam na construção de um projeto que se tornou Lei Municipal (3794/2009) e que trata da proteção do Patrimônio Histórico de Nova Friburgo. “A partir daí, Friburgo começou a ter condições de buscar um olhar diferente sobre sua história. Começamos a orientar os proprietários e arquitetos sobre alguns bens inventariados por nós em toda a cidade. Hoje, você anda em Friburgo e consegue ver a fachada de prédio da antiga sapataria Bota Preta com nova roupagem. Patrimônio, quando a gente conserva, não significa que deva ser intocável, mas, sim, que possa ser repaginado, para que mantenhamos a sua história”, afirma Lilian.
Outros exemplos, apontados por Luiz Fernando, são a sapataria na esquina da Avenida Alberto Braune com a Rua Monte Líbano, que seguiu o mesmo caminho, além de outras duas casas de propriedade da Associação Humanitária na Rua Augusto Cardoso e na Rua General Osório. “Na Praça Getúlio Vargas, três ou quatro edificações estão sendo acompanhadas pelo Departamento de Patrimônio da Secretaria de Cultura, através de orientações aos proprietários e arquitetos desses imóveis, para que se preserve a linguagem histórica da arquitetura dessas fachadas”, afirma Luiz Fernando.
Ele ainda completa que “a Lei Municipal 3794/2009 foi a única lei complementar do Plano Diretor Participativo elaborado pela Prefeitura que foi adiante. Foram sete meses de estudo e muito trabalho junto aos vereadores para a sua aprovação”, afirmou Lilian.
Fotos Antonio Mauro
Fonte: http://novafriburgo.rj.gov.br/2012/05/casa-da-cultura-de-riograndina-sera-reaberta-dia-14-de-maio/#ixzz1zm3fpO5a
